domingo, 6 de maio de 2007

a falta da leitura e outras questões que ninguém tem paciência de ler a respeito

A foto acima serve a um triplo propósito: primeiro, provocar ao menos um riso pelo insólito da situação (espero que tenha conseguido...). Os outros dois seriam: ilustrar o post com algo relacionado ao tema que tentarei tratar. E, por último e não menos importante: a imagem é uma metáfora de pra onde está indo a educação basileira. É, pra aquele lugar mesmo.
O Brasil vêm atingindo níveis irrisórios, ridículos mesmo, no que tange a aferição de conhecimentos básicos de nossos estudantes em diversas pesquisas realizadas nas escolas. Estamos, infelizmente, entregando ao futuro uma geração medíocre.
Quem trabalha com educação vê de perto essa realidade: pessoas que não conseguem efetuar um cálculo simples e nem interpretar um único parágrafo de um texto, ou que, pasmem, só conseguem lê-lo quase soletrando as sílabas, mesmo estando quase no Ensino Médio! E pra quem está achando que isso só acontece nas escolas públicas, está muito enganado...
Se a escola pública reprova, não recebe verbas do Governo; se a particular reprova, não recebe verbas de outra fonte: os pais. Mas o resultado é o mesmo tanto em uma quanto em outra, vindo daí a explicação de os alunos evoluírem apenas no número da série.
Agora, porque esses alunos vêm tendo esse desempenho tão pífio? as causas são muitas e complexas, e tratá-las por completo resultaria num livro inteiro. Mas uma é fácil de ser identificada: a falta de leitura.
Se o aluno citado acima não consegue interpretar um parágrafo, muitas vezes é porque tem preguiça de lê-lo. Um parágrafo. Quem dirá um livro inteiro. E muita gente acha que ser alfabetizado por completo é só saber escrever e ler meia dúzia de palavras...
Não é segredo que alguém que é habituado a ler desenvolve uma consciência crítica, algo imprescindível para se ampliar a própria consciência de mundo, tão valorizada pelas modernas teorias educacionais...
Mas vivemos num país em que a leitura só é valorizada se for de comentários do Orkut, fotologs e fofocas de novela. E os adolescentes vivem num mundo de hedonismo sem fim, com uma ilusão de que a vida é uma festa que não acaba nunca... Diversão e festas é bom, todo mundo gosta e precisa. Mas tudo têm a sua hora e lugar.
Sim: estou colocando a responsabilidade disso também nos pais. Eles muitas vezes não incentivam a prática de leitura de seus filhos e pior: muitos perderam o controle sobre eles. A noção de limite está cada vez mais se tornando desconhecida. E isso se reflete na escola, nas atitudes e posturas dessas crianças e adolescentes em sala de aula. Quanto a isso, só tenho uma coisa a dizer a esses pais: sinto muito, meus amigos: o professor não pode fazer o trabalho que vocês não estão mais fazendo. Ele já tem trabalho demais tentando sobreviver.
Estamos formando uma geração medíocre, e isso é triste. E, pelo visto, esse país vai continuar medíocre. Muitos profissionais da área da educação já migram para outras áreas, pois não querem se tornar mártires do fracasso de nosso ensino. Os que permancem acima de tudo, são dignos de serem chamados de heróis, ou qualquer outro adjetivo semelhante.
Pois é, para quem leu esse texto até o final, só resta fazer uma coisa: voltar ao início do post e rir da cena insólita da foto e esquecer de todos esses problemas. Pois rir ainda é o remédio mais saudável que existe.


Se é que alguém leu isso até o final.