segunda-feira, 2 de julho de 2007

A questão do rock na atualidade

Realmente, de uns tempos para cá, o Rock tem me surpreendido bastante. Mas, ao contrário do que essa afirmação deixa transparecer, não é o rock mais atual. As bandas que tem me surpeendido ultimamente são as bandas mais antigas, como o The Clash, por exemplo, o qual muito ouvia falar, mas só tive real interesse em ouvir a algum tempo atrás. E descobri uma ótima banda. Isso sem falar de outras bandas e artistas "dinossauros" que tenho descoberto recentemente. E isso leva a um questionamento: e os artistas mais novos?
Sinceramente, pouco ou quase nada no novo rock chega a me surpreender ou gerar interesse. As únicas coisas um pouco mais interessantes que ouvi nos últimos anos são o Franz Ferdinand e o Strokes, e mesmo assim nenhuma delas me parece que salvará o rock. Talvez eu é que esteja ficando velho, chato, gagá e ranzinza, mas minha opinião é essa: atualmente parece haver um certo vazio no rock, uma certa falta de identidade das bandas, várias aparecem ao mesmo tempo (sintoma da Globalização e de novas tecnologias como a internet), mas parece que praticamente nenhuma delas tem algo substancial para acrescentar. E muitas desaparecem logo em seguida, sem realmente mostrar a que vieram. Nem mesmo as mais "Hypadas".
Hype. Taí mais uma expressão típica dos anos 2000 e do caótico mundo atual, onde a informção surge e se vai como ondas num mar ressacado. Num belo dia, uma banda aparece como a salvação da lavoura, a mais fodona ou algo que o valha, para depois ser notícia de ontem quando aparecer outra banda para ocupar seu lugar de "queridinha da imprensa musical e de MTV´s da vida."
Essa semana mesmo, num dos raros momentos em que ligava a TV na MTV, passou um comercial que dizia: "que Arctic Monkeys, que nada, a banda do momento é blá blá blá ( não me lembro o nome da tal banda do momento,pode?) do Reino Unido e etc. e tal..."
Trocando em miúdos: o Hype em cima de uma passou em detrimento da outra, pelo que pude entender. Mas nenhuma das duas chegou a me surpreender. E é porque são bandas fodonas da nova geração.
Até as bandas nacionais não escapam. De uma fornada de bandas que tem surgido por aí nos últimos anos, poucas me chamaram uma certa atenção, pra ficar nas que tem uma certa projeção: Cachorro Grande, Moptop, Mombojó, Nervoso e os Calmantes. Quatro bandas, dentro de um punhado de tantas que tem aparecido incessantemente. O resto me parece tudo igual, decalcado de velhas e novas fórmulas de parecer "diferente", "antenado" ou "alternativo". Não que as bandas que citei sejam a máxima expressão da originalidade. Muito pelo contrário, dá pra perceber nitidamente em todas elas de onde tiraram suas influências. Porém, e pelo menos para mim, essas bandas utilizam essas influências e fazem o que quase todo mundo anda fazendo de uma maneira um pouco mais... legal. Não sei definir isso.
Não sou pessimista daqueles que dizem que o "rock está morto", até porque também não sou do tipo que veste a camisa de gêneros musicais e os defende com unhas e dentes. Sou apenas um fã de música e, como tal, gosto de refletir sobre seus rumos e emitir meus juízos de valor. E espero, sinceramente,que não só o rock (e a música em geral, já que esse sintoma é bem abrangente) saia desse esvaziamento que estamos presenciando e que voltem a ter substância,voltem a ter graça, e artistas verdadeiros, na melhor acepção da palavra, como Chico Science, Renato Russo, Cazuza, etc. tornem a aparecer.
Nossos ouvidos agradecem.