domingo, 12 de dezembro de 2010

Dezembro



Luzes em todo lugar
a cidade a se enfeitar
como a moça que se embeleza
enquanto ansiosa espera
uma ocasião especial.

Então é Natal.

O ano acabando,
o ano acabou.
Dezembros cheiram a nostalgias,
ao tempo que já passou.

 Então é natal.

Compras, contas, promoções.
prestações.
Planos, projetos, metas,balanços.
Decisões.
Frustrações.
Ambições.
Direções.

Qual foi o saldo do ano que se vai?
Pra onde o ano vai quando se vai?
Pra onde a gente vai no ano que vem?
Pra onde a gente foi no ano que vai?

Dezembros cheiram a nostalgias.

As ceias, a família reunida
presentes, alegria incontida
de quem foi presenteado
com algo de seu agrado
que logo será objeto usado
ultrapassado
até novo presentear.
Memórias de uma vida de simplicidade
das mais simples felicidades
que só a pouca idade
nos pode proporcionar.

Então é Natal.

A cidade e seu espetáculo de luzes
aguardando outro espetáculo de luzes
pra demarcar
o reinício do ciclo
o reinício do início
até um novo dezembro
cheirando a nostalgias
a boas nostalgias
a antigas alegrias
evocando passado.
Planejando futuros.

Dezembros cheiram a nostalgias.

Então é natal.

Então é Natal.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ventura





Talvez por causa da recente "mini-turnê" dos Los Hermanos e de ter assistido ao show do SWU no You Tube, ou só porque bateu vontade mesmo, resolvi ouvir recentemente o disco "Ventura". Fazia muito tempo que não colocava nenhum disco deles pra tocar -  tinha até enjoado um pouco, confesso.
Aí fui ouvir o Ventura... e um filme foi passando a cada música. Como esse disco me marcou. Como me identificava - e ainda me identifico, de certa forma - com aquelas músicas. E como ouví-lo me faz também lembrar muito dos tempos da faculdade.
A música tem essa capacidade de marcar momentos e associar-se a estes nas nossas mentes. É uma de suas características mais interessantes, sem dúvida.
Após esse disco comecei a prestar mais atenção em MPB, comecei a tirar as músicas no violão e aprendi um monte de acordes novos. Um acorde diminuto era uma novidade e tanto pra mim naqueles tempos... praticamente reaprendi a tocar violão. Isso me fez evoluir muito como instrumentista (Fora que pra impressionar as garotas que também curtiam a banda era muito útil saber tocar aquelas músicas ao violão hehehehe) .
Acho que certos discos nos marcam porque talvez apareçam em nossas vidas no momento exato. Falando as coisas certas pra aquele momento específico e, assim, tornando-se trilha sonora de uma época.
Esse foi um dos últimos álbuns realmente marcantes pra mim. Foi um dos últimos que me lembro de ter gostado logo de cara, de ter colocado pra tocar de novo após ter terminado. De ouvir sem pular nenhuma música. De ouvir até quase fazer outro furo no CD. De ter músicas que  chegaram a me emocionar de verdade.
Quero muito que apareçam outros discos que me façam ter a mesma atitude: que me causem uma identifição imediata, que eu goste de todas as músicas e não só de algumas poucas, que estas sejam instigantes, emocionantes e quaisquer outros adjetivos positivos que se possa atribuir, que estas me façam ouvir e ouvir o álbum por mais do que uma semana, mais que um mês.
Porque parece que as coisas estão assim agora: conheço o trabalho novo de uma banda, gosto, ouço por um tempo (uma, duas semanas, ou pouco mais), depois vou ouvir outra coisa e vou deixando de lado o disco anterior. E pelo que percebo, isso não é só comigo, é uma tendência dos novos tempos: está tudo muito imediato, até mesmo superficial. E imediatismo e superficialidade em música não é legal...

domingo, 19 de setembro de 2010

O passado e os passos

O passado eu passo a limpo
em papel pautado ou passado
e passo a vigiar melhor os meus passos
para torná-los mais aptos
para torná-los mais sábios
e irem direto na direção correta
mesmo certos que a direção é incerta.
E se talvez a recompensa compensar
não será uma pena não ter tido nenhuma pena
de pôr os pés preguiçosos para andar.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Às vezes gostaria que as inquietações ficassem quietas.
Mas aí elas teriam que mudar de nome
e perderiam sua razão de ser.
E perderiam a graça, também.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Noite



Sombria e misteriosa
plácida de uma quase mudez
convida à boemia
convida à nostalgia
convida à embriaguez.

Enquanto a cidade dorme
os insones por ela vagam.
ignorando riscos e perigos
incautos, vêm e a desbravam.

Uma aparente paz
no silêncio que por ora reina
Mas do outro lado da esquina
não se sabe o que está à espreita...

Musa de vários poetas
musa de várias canções
e as cidades semidesertas
a ilustrar fotos em cartões
como um cenário
a atiçar o imaginário
de poetas e cantores
que cantam seus amores
que celebram suas dores
e aceitam o convite
entre um e outro drinque
à vida de boemia.

Lua
estrelas
a cidade vazia
a madrugada fria
a boemia vadia
serena noite cheia e vazia
a calar os ruídos do dia.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A palavra e o argumento

Eu queria a palavra certa
pra não deixar em branco
o espaço não escrito
o momento vivido
que logo terá esvaído
pra ceder o seu lugar.
Eu queria o argumento
naquela velha discussão
que me faltou frase, oração
mas quem quer uma opinião
que de repente há de mudar?

A opinião muda
por ser alterada
A opinião muda
por silenciada.
uma palavra, a certa
sem nova chance de acertar.
uma palavra acerta
pra destruir ou restaurar.

Palavras de destruição,
essas são as melhores de silenciar
E infelizmente as que mais teimam
em sair e se propagar...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Rotina

Vestiu seu sorriso forçado
repassou cada gesto ensaiado
e com tudo já preparado
encarou o mundo real.
ônibus, roleta, cadeira
trabalho, rotina, canseira.
um remédio pra dor de cabeça
sem remédio pra vida real.
ônibus, roleta, cadeira
casa, comida, canseira.
televisão pra esfriar a cabeça
e amanhã vai ser tudo igual.
E depois vai ser tudo igual.
E depois vai ser também igual
E depois...
Igual.

domingo, 15 de agosto de 2010

Mundo vida mundo




um lugar onde possa esquecer os meus fracassos.
um momento onde possa celebrar minhas vitórias.
um lugar que me esteja a poucos passos
um momento pra organizar minhas memórias.
esquecer
lembrar
reesquecer
relembrar
uma solidão que seja toda minha
isso não compartilho com ninguém.
se pudesse recuperar a ingenuidade que antes tinha
talvez por um instante me fizesse bem.
recuperar
perder.
certas coisas não se recuperam.
mas sempre haverá o que ganhar.
e o que perder
e o que ganhar.
e o tempo que nunca volta
e o mundo segue sua rota
e o mundo que não se importa
se você ganha ou perde
se fracassa e se ergue
se é pesado ou leve
o que a vida nos dá pra carregar.
mas sempre haverá o que ganhar.
e o que perder
e o que ganhar.
e o mundo sempre a girar
indiferente, sem se importar
pois ele é terra e mar
e a gente,grão de areia.
vida mundo nosso
mundo vida
vida
mundo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Down

Em momentos como esse que eu me lembro do motivo de não ter deletado esse espaço. Momentos em que se está pra baixo e se quer, apenas,desabafar. E não seria mais fácil procurar alguém pra ouvir tudo o que se tem pra dizer? Não pra mim. Não gosto de encher os ouvidos alheios com esse tipo de assunto. As pessoas já têm seus próprios problemas para lidar e não precisam ouvir mais. Além disso, não gosto nem de me fazer de "coitadinho", muito menos que me achem um. Não gosto de pena.
Então, o que resta? escrever aqui, derramar uma porção de palavras pra tentar exorcizar os sentimentos negativos e me sentir um pouco mais leve.
Eita deprêzinha que não quer passar... É praxe quase todo fim de ano eu ficar meio melancólico, por causa do clima dessa época. Mas isso já vem durando mais tempo que o usual.
Tento achar explicações. A vida anda monótona? É, um pouco. Decepções? Realmente, 2009 foi um ano em que quebrei a cara algumas vezes, mas até aí, normal, coisas da vida. Frustrações? É, algumas. Muitos planos que foram por água abaixo. Muita coisa em que depositei confiança e que acabou não dando em nada. Além de objetivos de vida que demoram muito pra se concretizar e que requerem uma persistência enorme, e o retorno parece que nunca vem... Problemas afetivos? pode ser também, até porque nunca fui lá muito sortudo nesse aspecto... acho que sempre acabo escolhendo as mulheres erradas, ou as certas nas horas erradas. E, no fim, minha amante continua sendo a doce solidão (essa não me trai nunca!). Problemas financeiros? Realmente, não ando na minha melhor fase, monetariamente falando. Problemas profissionais? ando muito decepcionado com minha vida profissional, isso é verdade. Decepcionado a ponto de recomeçar tudo. Do zero. Daí os problemas financeiros.
Conclusão: acho que tudo isso junto. Mistura tudo, bate no liquidificador e pronto: Eu na merda. Ou quase lá.
Quase lá porque felizmente algumas coisas me fazem esquecer momentaneamente: jogar conversa fora, tocar. Nessas horas de convívio social ou em cima do palco ou em estúdios, me esqueço desses problemas de tal forma que acho que nem parece que ando me sentindo assim. Ponto positivo, então. Além disso, significa que não estou no fundo do poço, já que as coisas simples e leves ainda me fazem sentir bem. Já estive no fundo do poço, na sarjeta, e sei como é. Por isso sei que ainda não cheguei lá. Ainda bem.
O problema é estar a sós consigo próprio. Nessas horas, nada lhe distrai. Nada lhe faz esquecer. Não há mais disfarces, não há mais máscaras. É você e seus problemas. Encare-os ou deixe-os consumirem você. E a gente vai encarando, e a gente vai lidando, e tem horas que cansa, mas aí seguimos em frente. Fora que tristeza é um sentimento bem egoísta, como já li em algum lugar alguém dizendo isso: nessas horas, você só pensa em si próprio, na sua situação. Acaba esquecendo que existem pessoas em situações muito piores. Você só enxerga o seu umbigo.
Acho que, no fundo, tudo isso é só desejo de que algo dê certo. Em qualquer um dos aspectos citados acima. Qualquer um, qualquer coisa.
Ok, temos 12 meses pela frente (um pouco menos que isso, na realidade). Muito trabalho a fazer. Espero um 2010 menos frustrante, melancólico e reclamão (mesmo que eu só reclame pra mim mesmo). Vamos lá.