Quem mora em Natal já conhece aquela velha história: essa é, como o governo, a prefeitura e principalmente as agências de turismo gostam de chamar, "a noiva do sol"... mas , em determinada época do ano, é amante da chuva.
não que eu não goste de chuva. muito pelo contrário, eu até aprecio os dias chuvosos, desde que eu esteja em casa, resguardado de pegar uma gripe. Porque sair de casa em Natal num dia de chuva é um transtorno infeliz. A cidade praticamente não tem drenagem, basta chover cinco minutos e as lagoas começam a se formar, sem falar no nosso asfalto, há muito convenientemente batizado de "Sonrizal"... o asfalto que é igual a qualquer comprimido efervescente desses, que não pode ver água.
Bem, talvez os governantes queiram tornar Natal uma espécie de "Veneza brasileira", no afã de fazer dessa cidade cada vez mais cosmopolita para os turistas que vêm visitá-la. Nós, então,não estamos entendendo nada e ficamos reclamando, achando que é descaso, que a prefeitura não faz nada, essas coisas. Somos chatos,rabugentos e não compreendemos as boas idéias dos nossos governantes de tornar as crateras que aparecem nas nossas ruas pontos turísticos. No roteiro das agências de viagem vai constar como atrações: a Praia de Ponta Negra, o Forte dos Reis Magos e a Cratera do Alecrim.Isso pode ser bom até para as escolas, pois imaginem só, as crianças do primário fazendo trabalhos sobre a superfície lunar usando as ruas de Natal como exemplo. Só os proprietários de automóveis não vão gostar, pois buracos e pneus não foram feitos um para o outro...
Dito isto, só me resta retirar- me e ir terminar a construção de minha canoa e deixar por aqui mais um poema ridículo de minha autoria:
Hoje o céu desabou
e a cidade alagou
tudo vai virando um rio
ainda compro um navio
pois dia desses vira mar
e vai ser comum de maio a julho
o povo com roupa de mergulho
esperar tudo inundar
Todo dia eu fico preocupado
de ir trabalhar a nado
e aparecer afogado
numa matéria de jornal
enquanto eles vão de barco
assistir ao espetáculo
de ver cidadão desesperado
fugindo do temporal
E eles lá achando graça
rindo da nossa desgraça
e cada dia que passa
é só buraco e lamaçal
e São Pedro, que sacanagem
e a cidade sem drenagem
tem um rio na minha garagem
e um tubarão no meu quintal
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